Tire suas dúvidas sobre o atendimento odontológico em gestantes
Muitas mulheres procuram tratamento odontológico e acabam não informando que estão grávidas. O cirurgião dentista tem que estar atento e na consulta de anamnese deixar claro para a paciente que informe quando estiver grávida pois a gestante é uma paciente que requer cuidados especiais. Neste artigo iremos fazer algumas considerações sobre o atendimento odontológico em gestantes.
Durante a gravidez a mulher passa por uma série de mudanças físicas. Alargamento dos quadris, aumento da parte inferior do abdome, relaxamento dos ligamentos da cintura pélvica e os seios aumentam de volume. A bexiga da mulher grávida acaba sendo mais pressionada aumentando a freqüência do ato de urinar.
A pressão sobre o estômago estimula a gestante a se alimentar várias vezes ao dia e a ter muita azia. O diafragma é posicionado numa região mais superior, diminuindo o volume respiratório. Ficar deitada de costas acaba sendo mais desconfortável e pelo crescimento do feto ocorre uma pressão nos vasos sanguíneos abdominais.
ilustração por Lillian Chan
Ocorrem também mudanças fisiológicas e até psicológicas importantes nesse período. Fica evidente que a paciente gestante deve ser tratada de forma diferenciada pelo cirurgião dentista.
O exame pre-Natal deve incluir um check-up odontológico pois um problema bucal que antes era simples pode se agravar ao longo dos meses.
Existem lendas quanto ao enfraquecimento dos dentes por perda de cálcio durante a gestação e estudos já mostraram que isso não ocorre¹. A gestante devido as alterações hormonais pode ter uma resposta aumentada à placa bacteriana gerando a gengivite gravídica que deve ser tratada com o procedimento básico periodontal e controle de fatores irritantes.
Quais os tratamentos que a gestante pode realizar no dentista?
Durante a gravidez, o dentista pode realizar todo tipo de tratamento essencial incluindo exodontias simples, tratamento periodontal básico, restaurações, tratamento de canal, próteses e etc. Se possível, tratamentos mais prolongados e extensos devem ser programados após a gestação.
O período ideal para o tratamento odontológico da gestante é o segundo trimestre. No primeiro trimestre normalmente a gestante sofre com indisposição, náuseas e enjoos. Nesta fase normalmente é necessário um maior repouso pois é o período da organogênese e maior incidência de abortos espontâneos.No terceiro trimestre a frequência urinária aumenta, as pernas ficam mais inchadas e ficar deitada é desconfortável.
Duração das consultas e alguns cuidados durante o atendimento odontológico em gestantes:
O ideal é que as consultas sejam curtas e na segunda metade da manhã para evitar o enjoo matinal. O dentista também deve estar atento para que não coincidam os horários onde exista a presença de crianças doentes no consultório para evitar o contágio com doenças viróticas como rubéola, sarampo etc.. e evitar o atendimento quando o profissional e sua auxiliar estiverem com gripe.
Após a consulta é ideal que a paciente fique sentada ou deitada de lado por alguns minutos para evitar uma queda brusca de pressão arterial.
Grávida pode bater raio-X?
Sim, desde que o dentista siga os seguintes cuidados:
- Avaliar a real necessidade do exame radiográfico;
- Utilizar avental de chumbo;
- Utilizar filmes ultra-rápidos;
- Evitar erros durante a tomada radiográfica e no processamento do filme;
Qual anestésico local utilizar em gestantes?
Segundo a literatura consultada¹, a solução anestésica ideal para gestantes é:
Em casos de Urgências (dor e infecção) – Lidocaína 2% com epinefrina 1:100.000
Para pacientes com gestação normal, histórico de anemia, hipertensão controlada: Lidocaína 2% com epinefrina 1:100.000
O volume máximo de anestésico local recomendado é igual ao contido em 2 tubetes anestésicos, por sessão de atendimento.
Uso de analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos pela gestante:
É fundamental que se descubra a causa da dor e se busque remover a causa. Se houver a real necessidade de analgésico, o paracetamol é a droga de escolha para qualquer período de gestação. A aspirina e outros anti-inflamatórios não esteroides devem ser evitados.
Quando houver indicação da utilização de antibióticos, devemos optar pelas penicilinas nas dosagens habituais pois as mesmas não causam qualquer dano ao organismo materno e ao feto. Alérgicas a penicilina devem utilizar estearato de eritromicina.
Colega dentista, busque sempre ler e se atualizar sobre o atendimento odontológico em gestantes para passar segurança aos pacientes e obter sucesso nos tratamentos.
Referências:
1 – Andrade ED. Terapêutica medicamentosa em odontologia. São Paulo: Artes Médicas; 2006
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